domingo, 2 de junho de 2013

Teste da BMW R1200GS LC - 2.700km rodados

Há um ano, começamos a planejar uma viagem pela Europa. Escolhemos a Rota dos Reis, rodando por Portugal e Espanha, em um roteiro sugerido pela MotoXplorers, local escolhido em Lisboa para a locação de nossas motos.

Depois de tudo reservado, roteiro decidido e todas as reservas de hotel realizadas, tivemos a notícia do Carlos Azevedo da MotoXplorers que as três motos a serem utilizadas pelo nosso grupo seriam as novas BMW R 1200 GS, com refrigeração a ar e líquida. Isso, logo no início de maio de 2013, quando essas máquinas estariam sendo disponibilizadas para venda, no Brasil. Sendo assim, teríamos a oportunidade de realizar um teste drive de mais de 2.700km, passando por estradas de diversos tipos e com temperaturas negativas e de até 30ºC.

Já na retirada das motos, em Lisboa, tivemos a explicação do Ricardo Azevedo da MotoXplorers  sobre as diferenças em relação as antigas GS. Tudo prometia!






Inicialmente, estranhamos o barulho do motor, que se destaca, nessa versão, pela batida de tucho. O escapamento também é bem mais barulhento que o anterior. Quanto ao barulho do motor, creio que poderia haver um retrabalho do fabricante para diminuir esse incômodo. Afinal, uma GS não é um Fusca! O outro é o escapamento. Não sabemos o motivo pelo qual a BMW optou por um escapamento barulhento, quando o normal seria algo mais silencioso, afinal essa não é uma moto custom!

Quando pegamos a estrada, ficou claro que o barulho incomoda. Andando a 120km/h, por diversas vezes eu chequei se estava na 6ª marcha. Pelo barulho, comparando com a minha GS 1150, parecia que eu estava na 4ª marcha!

Esse novo motor também apresentou uma maior vibração em relação ao anterior. Isso, não só comparando com a minha GS, mas também em relação a R 1200 RT, de 110cv do Orides e com a GS 1200 Adventure, ano 2011, que eu dei uma volta e pertencente a MotoXplorers.

Até agora, você pode estranhar tantas críticas em relação a nova GS, mas tudo para por aqui. As motos eram do modelo Premium e com toda a tecnologia disponível, incluindo o piloto automático, idêntico a das R 1200 RT. Os comandos de setas também foram modificados, passando a ser um comando único no punho esquerdo. Muito mais prático!

Para dominar todos os 125cv entregues pelo motor, o piloto conta com quatro opções de mapeamento da injeção. Inicialmente optamos pelo modo ROAD e fomos com ele até Salamanca. Na saída dessa cidade, começou a chover, e selecionamos o modo RAIN, que “amansou” muito esse novo propulsor. A entrega de potência passou a ser mais suave e linear, mas sem decepcionar na hora de se abrir o acelerador!

A suspensão, controlada eletronicamente, dá as diversas opções de altura, em função da carga, da dureza selecionada em relação ao terreno que estávamos passando. No geral, preferimos utilizar o modo NORMAL, mais adequado às excelentes estradas portuguesas e espanholas.

Um dos pontos de destaque, na nova GS, é a proteção aerodinâmica ao piloto. O para-brisa possui agora regulagem manual de altura, na lateral direita, que pode ser acionada, mesmo em movimento, por uma prática borboleta. Além disso, por conta da posição dos radiadores, nas laterais da frente da moto, o corpo do piloto sente muito menos a influência do vento. Parece até que você está em uma GS Adventure!

O computador de bordo dá todas as informações necessárias à sua viagem, desde autonomia até a pressão dos pneus, passando pelo consumo em litros para rodar 100km e a temperatura do motor e ambiente. Alias, quando a temperatura chega abaixo de 3ºC, ela começa a ciclar e acende um ícone simbolizando neve no painel. É para realmente alertar o piloto quanto as condições de clima e possibilidade de black ice road. Ou seja, uma camada escorregadia de gelo sobre o asfalto!

Esse alerta fez com que a gente, indo para Segóvia, Espanha, ficasse cada vez mais alerta ao perigo de gelo na pista. A montanha estava nevada e a temperatura caindo, quando chegou a – 0,5ºC, começou a nevar muito e, como não tínhamos experiência em pilotar com essas condições, resolvemos mudar o nosso roteiro e não conhecer essa bela cidade, com o seu famoso aqueduto romano.



Quanto a ciclística da moto, há três pontos muito distintos que pudemos avaliar.

O primeiro é relativo à capacidade de fazer curvas. No segundo dia de viagem, passando pela Serra da Estrela, em Portugal, rodamos 140km só de curvas, com diversos pisos, e constatamos que não há moto melhor para esse trajeto. Foram mais de 2.000 curvas, de diversos tipos, percorridas em pouco mais de cinco horas, pois a toda hora estávamos parando para bater fotos e apreciar a paisagem. Afinal, somos moto turistas!

O segundo é a pilotagem na chuva. Utilizando toda a tecnologia embarcada e colocando o mapeamento em RAIN, há um conforto enorme para o piloto, mesmo com a moto toda carregada e com garupa, parecendo que estamos rodando no seco. A moto transmite muita segurança!

Por último, existe o conforto em deslocamento em grandes distâncias, principalmente em alto estradas. A moto cansa e faz suas costas sofrerem, mesmo se utilizando o excelente piloto automático, ou colocando o modo SOFT da suspensão. Não há como comparar com uma Gold Wing, Electra Glide, ou a própria K1600GTL. Nada é perfeito! 

Nessa viagem, tanto o Galdino, quanto o Orides, se renderam a suspensão macia e a capacidade de fazer curvas dessa bela máquina. Com um roteiro repleto de curvas fechadas e de baixa velocidade, se não fossem desse modelo de moto, chegaríamos ao nosso destino acabados! Foi um total de 2.754km de pura alegria e segurança, rodando pelas excelentes estradas da Península Ibérica. 











Quanto ao consumo, utilizando a boa gasolina europeia de 95 octanas, e tendo a moto sempre carregada com malas e duas pessoas, ela fez uma média de 20km/l. Muito bom, considerando que ou estávamos em rodovias secundária, cheias de curvas e com marchas baixas, ou rodávamos mantendo o limite de 120km/h das estradas.

Agora, a decisão é sua quanto a possibilidade de ter essa moto em sua garagem. Uma coisa é certa, ela passou com louvor em nosso teste.



Finalmente, é importante ressaltar que a opinião contida neste texto é apenas balizada na minha experiência e não está vinculada a nenhuma análise técnica ou patrocínio de qualquer espécie. 

Ficha técnica da BMW R1200GSMotor tipo boxer bicilíndrico de 4 tempos refrigerado por ar/líquido 4 válvulas por cilindro;
Cilindrada  1.170 cc;
Potência máxima  125 cv / 7.700 rpm;
Torque máximo (Nm)/RPM     125 Nm a 6.500 rpm;
Taxa de compressão  12,5 : 1;
Diâmetro / curso  101 mm x 73 mm;
Bateria     12 V / 14 Ah, maintenance-free;
Câmbio 6 marchas;
Transmissão por cardã;
Suspensão dianteira BMW Motorrad Telelever com ESA;
Suspensão traseira BMW Motorrad Paralever com ESA, balança traseira monobraço de alumínio;
Curso da suspensão dianteira / traseira 190 mm / 200 mm;
Distância entre eixos 1507 mm;
Trail  101 mm;
Ângulo da coluna de direção  64.3°;
Rodas cast aluminium wheels;
Roda dianteira     2.50 x 19";
Roda traseira     4.00 x 17";
Pneu dianteiro     120/70 R 19;
Pneu traseiro     170/60 R 17;
Freio dianteiro com discos duplos flutuantes de 305mm com pinças de 4 pistões;
Freio traseiro com disco simples de 265mm com pinça flutuante de 2 pistões;
Comprimento (mm)     2,210 mm;
Largura (mm)     935 mm;
Altura (mm)     1,450 mm;
Altura do banco (mm)     850 mm / 870 mm (opcional);
Peso em ordem de marcha: 238 kg; e
Capacidade do tanque de combustível de 20 litros, sendo 4 de reserva.